Friday, April 4, 2008

Migalhas

Gostava de entender o que acontece quando me atravessas em pensamento...
Perceber porque me perturba a tua existência, presença ou ausência
quando sou tão consciente da ausência de amor em mim
Curiosidade, desejo, desejo de amar...
E por estas... migalhas, estas idiotices
transformo-me em coisa possuída ou possuidora
Porque afinal é apenas disto que se trata
Possuir ou ser possuído
Ver-me reflectida nos teus olhos
nos meus, nos de muitos
Como se não tivesse existência inerente
E fosses tu ou outro qualquer
o verdadeiro criador do meu ser
estou à tua mercê
afinal sou apenas a tua costela

Não te necessito
Espero que me dês a robustez que perco para olhar para os lados,
para trás
para qualquer lado onde eu não esteja
e confundir-me, deixar que me confundam
deixar-me vaguear
Sem perguntar o porquê deste mal-estar quando não te acercas
O porquê deste mal estar que se cria quando
decido depender de ti
decido esperar de ti
as tuas migalhas, o teus restos
Pois nada mais tens para oferecer

E eu
nesta necessidade imbecil de dar
nesta necessidade imbecil de ter com quem partilhar
nesta dificuldade em encontrar uma alma que seja
que valha a pena
Definho

porque na vida é ter ou ser
ter ou ser
e para se sonhar ser alto
às vezes é preciso renunciar
a tudo
mas mesmo tudo
o que não seja tão alto

mesmo que o alto não venha
mesmo que a águia não voe
mesmo que só nos reste a solidão

só há um caminho.